Valorizar a cultura dos índios. Esse foi o objetivo do debate realizado na quarta-feira (22), no COC, dirigido pelos representantes indígenas Luis Carlos Guajajara e Suluene Santana.  “Conhecer a cultura indígena é fascinante e pode ser uma experiência fundamental para que estereótipos sejam desconstruídos”, disse organizadora do evento, Luciene Santana.

As relações conflituosas com os nativos brasileiros são históricas. Ainda no período colonial, eles eram taxados de ‘preguiçosos’ por resistir a escravização. Para Luis Carlos Guajajara, muitos rótulos negativos permanecem até hoje. “Muitas vezes somos vistos como agressivos ou baderneiros. Então, debates como esse são importantes para que possamos mostrar que somos pessoas boas e evidenciar a riqueza da nossa cultura, da nossa língua”, acrescentou.

Já Suluene Santana, destacou o prejuízo na interferência dos brancos na cultura indígena. Ela citou como exemplo as mudanças no comportamento durante a Festa da Menina Moça, ritual com a finalidade de iniciar a menina à vida adulta. “As moças se sentem com vergonha de tirar a roupa na Festa da Menina Moça, que é um ritual importante. Então, a influência do branco ainda é muito forte na nossa cultura”, disse.

O debate no COC foi levantado em celebração ao Dia do Índio, comemorado em 19 de abril. A data foi instituída a partir do 1° Congresso Indigenista Interamericano, realizado em 1940, no México, para debater os direitos dos índios.

Festa da Menina Moça – A Festa da Menina-Moça é uma tradição milenar de iniciação à puberdade feminina. Na primeira menstruação, a adolescente é conduzida para uma espécie de casulo, construído, exclusivamente para o ritual, com esteiras e cortinados, onde permanece durante cerca de três meses.

Durante esse período a moça tem contato somente com a mãe e com a tia e aprende os afazeres femininos, como a fiação do algodão e o preparo de cestas, redes e esteiras. Após o período de enclausuramento, a índia é reapresentada à toda tribo.